23.12.10

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E ali estava eu, deitada, envolvida nos braços do amor da minha vida. Eu sabia que ele era o tal. Era ele. Era com ele que eu queria passar o resto dos dias da minha vida. Ele tinha adormecido profundamente no cheiro dos meus cabelos, com o seu corpo nu e quente junto ao meu. Formou-se um sorriso rasgado nos meus lábios. Estava tão feliz por estar ali com ele, não queria ter que ir embora dentro de dois dias.
Não queria sair daquela cama. Estava feliz, descansada e mesmo assim não conseguia adormecer.
Tentei sair da cama o mais lentamente possível para não o acordar. E pé ante pé segui até à cozinha, preparei um pouco de leite quente. Sentia que o meu corpo precisava de se nutrir e foi quando dei por um jornal em cima da mesinha da sala, o que era extremamente estranho visto que o Aimar não era de comprar jornais nem revistas, porque ia contra tudo o que ele achava da comunicação social, mas lá estava. O Jornal “ a Bola” em cima da pequena mesinha. Decidi tentar perceber o porquê de aquilo estar ali, por isso sentei-me no sofá, dei um pequeno gole na chávena com leite e peguei no jornal. Mas rapidamente os meus lábios se descolaram da pequena chávena quando leram no cabeçalho do jornal “Aimar pode sair já em Janeiro.” Pousei a chávena e rapidamente os meus dedos desfolharam o jornal até que chegasse à página onde se situava o assunto. O artigo falava de uma oferta milionária de um clube do Qatar que queria levar o Aimar. Oferta essa que era milionária tanto para o Benfica como Pablo Aimar. Que segundo o artigo tinha recusado a proposta do River e que já tinha afirmado que não era seu desejo voltar! E que apesar do contracto do jogador com o Benfica ainda não ter terminado, bastava o jogador fazer pressão e sairia, para o clube do Qatar onde iria ganhar uma fortuna.
Senti o meu coração tornar-se realmente pequenino. Que raio de artigo era aquele. Não podia ser verdade. Eu não acreditava nas tretas que os jornais desportivos escreviam pois sabiam que eles eram capazes de inventar qualquer coisa para venderem. Mas aquele artigo tinha-me realmente afectado. Senti os meus olhos arderem por tentar conter as lágrimas. Porque raio tinha ele ali aquele jornal com aquele artigo? Por mais que tentasse não conseguia perceber.
E nesse perfeito timing ele entrou pela sala adentro ainda em boxers, e com cara de quem tinha acordado, mas nem essa visão me afastou do que estava pendente no meu cérebro.
-¿Qué es eso? – perguntei directamente, mostrando-lhe o jornal nas minhas mãos.
Ele olhou-me sem reacção. – Pablo! ¿Qué es eso? Tu no compras periódicos, dices que solamente escriben mentiras, ¿entonces que hace esto aquí? Dímelo!
-¿Y porque están hablando que vas a salir del club en Jañero? ¿Que te vas a Qatar? – não consegui conter mais as lágrimas depois de proferir estas palavras. Mas assim que as senti escorrer pelo meu rosto aprecei-me a limpá-las. – ¿Es eso verdad? – perguntei convicta.  -¿Y se eres mentira, porque tienes eso aquí?
Ele sentou-se ao meu lado sem pronunciar uma única palavra e por mais que eu olhasse nos seus olhos, não conseguia decifrar o que vinha aí.
-¿Confias en mi?- perguntou-me cravando o seu olhar no meu.
-Claro que sí Pablo pero…  - os seus dedos sobrepuseram-se sobre os meus lábios, calando-me.
-Eso no eres verdad! Y Savi lo dejo ahí ayer. – disse-me beijando-me as mãos.
E subitamente o meu coração acalmou, deixou de querer sair pela boca. Os meus olhos secaram instantaneamente e apenas a vermelhidão à volta do meu nariz e olhos denunciava o meu choro.
-Tu sabes que yo no dejaría el Benfica. A mi me gustaba terminar mi carrera aquí, pero tu sabes que a mí también me gustaba termínala en River. Pero solamente neises 2 lugares. Eso eres apenas una mentira más. Y se yo quisiese salir serias la primera a saberlo. – disse-me dando-me um pequeno beijo na testa.
-Perdóname. – disse quase num sussurro pousando o jornal de novo na mesa. –Yo se que lás cosas que escriben en les periódicos san mentiras para los vendieren… No debería ter quedado afectada por eso. Perdóname.
-No hacías caso cariño. No lo importa. – disse roubando-me um breve beijo. –Volva al quarto, vamos aproveitar en cuanto te quedas aquí. – finalizou, puxando o meu corpo e guiando-o de volta ao quarto.
Ambos nos deitamos na cama, cobertos pelos lençóis agora frios. Os seus braços envolveram o meu corpo, as minhas mãos descansaram à volta do seu tronco, o meu rosto sentiu o calor do seu peito e os seus lábios deixaram um traço de beijos na minha testa.
(…)
Consegui adormecer por um bom bocado até que o som do meu telemóvel nos despertou. Estiquei-me na cama para conseguir apanhar a mala do chão de onde tirei o telemóvel. No ecrã aparecia um “Sarinha a chamar” e eu aprecei-me a atender.
-Então miúda a que horas voltas? A que horas te vou buscar ao aeroporto? – ouvi do outro lado da linha. Olhei de relance para o despertador que ficava na mesinha de cabeceira do lado do Aimar e lá marcava com uns números grandes e vermelhos, 10:30 da manhã.
-Desculpa Sara, eu já cheguei a Portugal à…algumas horas…
-ALGUMAS HORAS? – perguntou exaltada do outro lado. – E estás onde?
-Tem calma, estou em casa do Pablo. Eu não me esqueço de ti querida, não te preocupes… tinha só uns assuntos pendentes. – desviei o olhar para o Aimar que me apreciava deliciosamente com um sorriso no rosto.
-Ok quando voltares avisa ok?
-Ok! – vi o Aimar fazer-me um sinal para lhe passar o telemóvel o que achei estranho, mas entrei no jogo dele. –Sara, espera aí o Aimar quer falar contigo.
Passei-lhe o telemóvel, sem saber o que esperar dali, mas escutei atentamente a conversa.
-Sara…
-Sim Aimar!
-Escota… Jane solo va volver a casa mañana, está bien?
Ouvi um “huh?” expressivo do outro lado da linha
-Si Sarita! Hoy ella eres solamente mía, mañana te puedes quedar con ella. – e dito isto desligou a chamada.
Ri-me, descontroladamente da atitude dele, mas a ideia agradava-me. Por mim não necessitávamos de ir a lado algum, bastava ficar ali o dia todo naquela cama com ele, a dormir, a namorar, a fazer amor, a comer, a descansar, a sorrir, a trocar simples palavras de amor. Por mim ficava ali para sempre.

 

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música: sam sparro - black & gold
sinto-me: :3
link do postPor pablitoaimar, às 11:16 

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